terça-feira, 29 de novembro de 2011

Latim influenciou língua inglesa

Latim influenciou língua inglesa

Celina Bruniera*
Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação
Por incrível que pareça, o latim foi durante três séculos e meio a língua do poder na Grã-Bretanha. É verdade que a grande marca do inglês da atualidade foi a língua germânica dos povos invasores, mas o latim teve lugar de destaque na composição da língua inglesa.

As marcas de origem latina são identificadas em cada frase do inglês. Isso nos faz pensar que a influência romana se deu em todo o território bretão e que a língua latina foi imposta aos povos que tiveram suas terras invadidas. No entanto, não é verdade. Só nas cidades o processo de latinização foi mais evidente. Isto porque os romanos investiram na construção delas e em obras relativas a elas como foi o caso de estradas como a de "Watling Street", que ligou Londres a Chester.

Os anglo-saxões
É muito provável que esse investimento na vida citadina tenha marcado a cultura bretã na época e tenha deixado seus efeitos na língua. Também vale ressaltar que os maiores difusores de palavras latinas foram os anglo-saxões, povos germânicos que desembarcaram na Grã-Bretanha em 449, aproximadamente 40 anos depois de os romanos se retirarem. Os anglo-saxões tinham tido contato com os romanos ainda no continente e foram responsáveis pela introdução de vocabulário latino no inglês.

Um dos inúmeros termos híbridos latino-germânicos do inglês pode ser encontrado no nome de um dos aeroportos de Londres, o Gatwick. Essa palavra é formada por gat, que evoluiu da forma germânica "goat" (cabra) e "-wick", que resultou da evolução da palavra latina vicus (aldeia ou quinta).

Palavras de origem latina
A influência latina propondo novos hábitos de vida na Grã-Bretanha pode ser vista por meio da presença de termos antigos no inglês atual. É o caso de "cup" (taça), do latim "cuppa" (tonel), de "kitchen" (cozinha), do latim "coquina" (cozinha), de "pillow" (almofada), do latim "pulvinus" (travesseiro), de "wall" (parede), do latim "vallum" (paliçada) entre outros.

A cristianização da Grã-Bretanha, a partir do século 6, trouxe novos termos latinos para a língua inglesa. Esse processo ocorreu por meio de dois pólos: a criação de um mosteiro em 563 por S. Columbano na ilha de Iona de onde partiram missionários para a Escócia e a transformação do mosteiro de Cantuária, em Kent, onde desembarcaou o monge Agostinho, enviado pelo Papa Gregório Magno, em 597.

Mosteiros e religião
O ensino nos mosteiros era ministrado em latim e a Inglaterra tornou-se um dos maiores centros eruditos da Europa. Nessa época, surgem e se expandem termos de origem latina relativos à vida religiosa que marcam a língua inglesa até hoje. São exemplos disso: "bishop" (bispo), "pope" (Papa), "monk" (monge), "nun" (freira) entre outros.

Percebemos outras influências do latim em algumas abreviaturas. A moeda britânica "pounds" (libras), cuja abreviatura é £, tem origem no termo latino "librae". São, também, evoluções de expressões latinas i.e. (isto é), e.g. (por exemplo) e viz (a saber, nomeadamente).
* Celina Bruniera é mestre em Sociologia da Educação pela USP e assessora educacional para a área de linguagem.

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Cartoon

INPUT OUTPUT

Há algum tempo, eu tinha uma aluna que fazia aula umas duas vezes por semana. Ela era uma executiva que trabalhava muito, tinha filho pequeno, e ainda achava tempo para fazer a lição de inglês toda semana além das três horas de aula. Às vezes a lição era ler um texto, às vezes ouvir um áudio, ou simplesmente fazer exercícios de revisão. Mas na hora de falar sobre a lição durante a aula ela geralmente “engasgava”. Sabe como é? Apesar de você estar usando coisa que já viu na aula várias vezes, não lembra de uma palavra aqui, outra ali, confunde o tempo verbal, hesita, pára uns segundos antes de se decidir sobre a pronúncia, tudo isso antes de completar cinco sentenças. Nós resolvemos fazer uma experiência. Eu selecionei um arquivo de áudio compatível com o nível de inglês dela, que ela deveria ouvir todo dia, repetidamente, por pelo menos 20 minutos (o áudio durava uns quatro minutos). Eu disse a ela para ouvir algumas vezes primeiro, e só depois ler a transcrição para esclarecer eventuais dúvidas, e então continuar ouvindo normalmente.
Ela cumpriu o combinado – colocou o áudio no CD player do carro e todo dia, voltando do trabalho, ia ouvindo. Quando nos reunimos uma semana depois, foi incrível ver como ela conseguiu falar sobre a estória contada no áudio, usando estruturas e vocabulário corretamente com uma desenvoltura para falar que nunca tinha tido antes.
Depois dela, houve outros alunos que fizeram a mesma coisa com resultados semelhantes – não é nenhum segredo: prática focada, repetitiva e constante de listening dá ao seu cérebro o input que ele precisa para aos poucos absorver uma nova língua. E nada mais normal que, de repente, você se pegue falando coisas que nem sabia que sabia, com uma habilidade que nem sabia que tinha. Ken Beare fala disso nesta entrevista; e Stephen Krashen, um dos maiores linguistas da atualidade, defende o uso de narrow input – em outras palavras, a prática repetitiva com áudio/texto de interesse e no nível de entendimento do aluno.